sexta-feira, 2 de julho de 2010

“DISSIPADORES DE ENERGIA”

Em tempos de falta de infra-estrutura no setor aéreo, o inestimável trabalho dos controladores de vôo se torna muito mais evidente e importante para o bom fluxo dos tráfegos. Somente esse trabalho feito de maneira muito eficiente é que pode suprir a carência dos equipamentos e a escassez dessa mão de obra tão especializada. Entretanto, com as mudanças promovidas no sistema desde o conhecido “Apagão Aéreo”, iniciado após o trágico acidente na rota Brasília/ Manaus, ficou notória a diferença entre os controladores contratados após “Apagão” e os experientes controladores chamados por nós pilotos de “Antigões”.
Os antigões são aqueles que já comprovaram pela pratica e pelas leis da física, que para aumentar um fluxo em um estreitamento só há uma maneira, aumentar a velocidade. Os “antigões” pedem para as aeronaves manterem velocidades mais altas até próximo aos marcadores externos, pedem para as aeronaves que seguem a frente acelerarem e encurtam ao máximo as aproximações para acelerar o fluxo evitando o congestionamento. É até bonito de ver e gostoso de escutar... Buenas!
Já os novinhos, já conhecidos como “Dissipadores de Energia”, são os que preferem pedir para os de trás reduzirem, que faz com que devido ao “Efeito Chicote”, se formem grandes congestionamentos nas aerovias e áreas terminais. Toda vez que se reduz uma aeronave pesada e programada para cumprir um determinado perfil de descida onde se calcula usar o mínimo de motor possível, se desperdiça toda essa energia através dos “Speed Breakes” e o consumo, hora de motor e emissão de CO2 aumentam consideravelmente. Hoje nos horários de “rush”, se consome 18% a mais de combustível nas terminais mais movimentadas em função dos “Dissipadores de Energia”. Nas terminais mais movimentadas do mundo, as solicitações mais ouvidas são as de aumento de velocidade, enquanto que por aqui, até nas aerovias, a solicitação mais ouvida é a que vai contra as leis da física para o aumento de fluxo, é a de redução de velocidade dos “Dissipadores de Energia”. Lógico que o ônus dessa lentidão não pode ser atribuída somente aos controladores menos treinados, também tem os pilotos que insistem em voar jatos como se voa um bom turbo-hélice, além de outros fatores estruturais contribuintes. Mas o importante é que precisamos da colaboração de todos para “concentrar energia” em busca de melhores padrões, de uma “excelência operacional” que contribua com a sustentabilidade cada vez mais eficiente de nossa aviação. Bons vôos!

2 comentários:

  1. Pergunta de um novato em aviação: Essa dissipação de energia não seria para diminuir a espera ou congestionamentos das nossas TWYs e pátios? Segundo o chefe da TWR Guarulhos que nos recebeu na visita a capacidade de operações de pouso e decolagens está muito longe do limite, mas a capacidade aeroportuária é que está bem congestionada. Fica aí minha duvida.

    Abraços

    Agnaldo Felix Silveira

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  2. Resposta ao comentário de Agnaldo:

    Atrasar pousos e aproximações não seria a solução ideal para isso. As aeronaves em voo estão consumindo combustível e gerando um alto índice de emissão de CO2. O correto para se descongestionar TWYs e pátios é segurar as autorizações de voo e coordenar os horários de acionamento. Aviões de motor parado estão seguras, economizando e não poluindo.

    Laert Gouvêa

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