sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MENOS POLÍTICA E MAIS COMPETÊNCIA E SOBERANIA

Já era esperado que o preço que teríamos que pagar por uma Agência de Aviação Civil seria bastante alto, até porque já faz parte da cultura brasileira estas oligarquias inchadas e ineficazes. Só não poderíamos imaginar que seria uma instituição composta de amadores para gerir profissionais. Imaginávamos que o governo teria um mínimo de bom senso já que se tratava de uma área extremamente técnica, mas o antagonismo entre o bom senso e o governo nos fez engolir a ANAC como ela é.
O fato é que os escândalos, se é que o brasileiro ainda tem alguma referência da palavra, provaram que a ANAC é na verdade mais um cabide de “Israeis Guerra” e seus parentes, que também passaram por lá sem mesmo saber a porque os aviões têm asas. É claro que este perfil não representa a maioria, felizmente tem muita gente competente trabalhando pelos “encabidados” inclusive. Um bom exemplo disso vem de cima, é a própria presidente, a Sra. Solange Vieira, que apesar de não ser do ramo, conseguiu através de sua capacidade administrativa se manter no cargo organizando ainda a desordem deixada pelo seu antecessor.
Entretanto, esta maldita herança cultural vem impedindo os técnicos e os abnegados a darem alguma coerência nos trabalhos. Um exemplo bastante básico é cobrar duzentos e cinqüenta reais por uma prova teórica de “PP” (piloto privado), feita em computador a um custo ínfimo, ao mesmo tempo em que mantêm um programa de benefícios de horas de vôo. Mais grave ainda, é sabendo das dificuldades do setor, se manter fora da discussão sem uma posição veemente contra, sobre o Projeto de Lei n°6.716/09, apresentado por um Deputado “anti-brasileiro” para alteração do Art.158 do CBA, permitindo que pilotos estrangeiros venham voar no Brasil. Isso reflete na verdade a preocupação que o segmento sempre apresentou por ser a ANAC um órgão político. Com todos os problemas que tínhamos com o DAC, nestas horas podíamos contar com uma força aliada, afinal, eram cabeças aviadoras comprometidas com os interesses de nossa bandeira.
Igualmente espantosa foi a posição tomada pela ATT, a maior entidade representativa da categoria e representante da IFALPA no Brasil, da qual também faço parte. Esta divulgou uma carta aberta, politicamente bem redigida, demonstrando a “preocupação” com o fato. Ora colegas aeronautas brasileiros, o que aconteceu com a nossa capacidade de nos posicionarmos firmemente a favor de nossos interesses? Será que todos nós viramos políticos neste país de sucessivos escândalos? Perdemos o poder de se posicionar e reivindicar nossos justos direitos? Estamos todos mais apegados aos cargos do que aos interesses nacionais? Seremos todos “políticos corretos”?
É importante que todos nós, assim como nossos representantes de entidades dirigentes ou de classe, competentes e abnegados, tenhamos posições claras e firmes que garantam a colocação dos futuros brasileiros, que por uma questão de soberania, devem e merecem ocupar o comando das aeronaves sob nossa bandeira.
Laert Gouvêa

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